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Um dos principais desafios no valuation de empresas é a correta distinção entre os regimes contábil de competência e de caixa. Essa diferença é crucial para avaliar o real valor de um negócio e pode impactar diretamente a tomada de decisões estratégicas. 

A diferença entre Competência e Caixa 

Para ilustrar essa distinção, imagine que uma empresa vende um produto por R$ 3.000,00, parcelado em 10 vezes sem juros. No regime de competência, o valor total é reconhecido na data da venda. Já no regime de caixa, os recebimentos ocorrem ao longo dos 10 meses, refletindo o fluxo financeiro real da empresa. 

Competência 

Janeiro 2025  Fevereiro 2025 
3.000 reais  0 

  

Caixa 

Janeiro 2025  Fevereiro 2025 
300  300 

 

Essa diferença pode gerar uma percepção equivocada do desempenho financeiro da empresa. Um lucro elevado no regime de competência não garante necessariamente uma entrada de caixa correspondente, o que pode comprometer a liquidez e a capacidade de pagamento da empresa. 

A importância do Fluxo de Caixa no Valuation 

O método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) busca avaliar o valor da empresa a partir da conversão do regime de competência para o regime de caixa. Isso é feito por meio de dois indicadores principais: 

  1. Fluxo de Caixa Livre para a Firma (FCFF) – Representa o caixa operacional disponível para credores e acionistas. Ele é calculado com base no resultado operacional líquido após impostos (NOPAT), ajustado por investimentos em ativos fixos e capital de giro. O FCFF é descontado a valor presente utilizando o WACC (Custo Médio Ponderado de Capital). 
  1. Fluxo de Caixa Livre para o Acionista (FCFE) – Mede o caixa disponível exclusivamente para os acionistas. É obtido a partir do lucro líquido, considerando os investimentos necessários e o impacto das despesas financeiras. O FCFE é descontado pelo custo de capital próprio (Ke). 

A estrutura de cálculo desses fluxos pode ser resumida da seguinte forma: 

Receita bruta  
(-) Impostos e devoluções  
= Receita Líquida  
(-) CMV e outros custos operacionais.  
(-) Deprec. & Amort. 
= Lucro bruto  
(-) SG&A e outras despesas Operacionais  
= EBIT  
(-) IR  
= NOPAT  
(+) Deprec. & Amort.  
= Fluxo de caixa Operacional  
(-) Capex  
(-) Investimento em giro (variação)  
= Fluxo de Caixa livre para firma (FCFF) 
(-) despesas financeiras  
(+) benefício fiscal  
(+) Entrada de Novas Dividas  
= Fluxo de Caixa Livre para o Acionista (FCFE) 

 

Os fluxos de caixa que projetamos para os próximos anos, geralmente por um período de pelo menos cinco anos, são trazidos a valor presente utilizando uma taxa de desconto adequada. Embora a conta pareça simples, na prática, ela exige ajustes e um entendimento contábil aprofundado para ser realizada corretamente. Como vemos na figura abaixo.  

Além disso, é crucial compreender o capital de giro, que desempenha um papel vital tanto no valuation quanto no cotidiano da empresa. A falta de controle sobre o capital de giro pode levar a sérios problemas financeiros, incluindo a falência. Abordaremos esses aspectos em textos futuros, dedicados especificamente a esses temas. 

Conclusão 

O método do Fluxo de Caixa Descontado permite uma avaliação mais realista do valor da empresa, garantindo que decisões estratégicas sejam baseadas em informações financeiras concretas. Para empresas e investidores, entender e aplicar corretamente esse conceito é essencial para uma gestão financeira eficiente e sustentável.